sexta-feira, 23 de março de 2012


Processo criativo da crônica Horário: drive in time
 Processo criativo da crônica- Horário:drive in time
A ideia de escrever uma crônica surgiu de uma possível proposta em aula: escrever um gênero que nunca havia escrito, experimentar. Com isto em mente, comecei a buscar temas do cotidiano. Essa busca também acontecia quando dirigia e, oralmente, simulava pequenos inícios de crônicas sobre o que me atingia, ofendia ou simplesmente tocava. Um dia, em que o tráfego estava intenso, surgiu a frase com que começo a crônica. Dirigir é exercício de meditação.
A afirmação me tocou, dado sua incongruência ou seu potencial de absurdo. Permaneci com ela alguns dias e, então, escrevi alguns parágrafos apenas tentando descrever o que encontrava em meu caminho. Com o exercício da descrição, um percurso surgiu e uma personagem começou a aparecer acompanhada de outras vozes que delineavam diversos caracteres do cotidiano. Creio que, como era um percurso, a personagem deveria chegar a algum lugar e chegou. Não sei precisar porque chegou onde chegou, um local tão absurdo quanto a própria afirmação inicial. Ficou o esboço de um pequeno texto forrado de frases feitas e vozes caóticas. Também um profundo incômodo de um texto ingênuo. Deixei o texto dormir e, quem sabe, dormiria para sempre, não fosse a necessidade de apresentar algo produzido neste tempo de curso.
Em minha mente conspiravam as diversas vozes e a progressão referencial (construção , desconstrução, desfocalização). Retomei o texto observando os elementos que impediam a progressão textual ou, ainda, a progressão da personagem em seu percurso urbano e seu mundo interno. Eliminei o óbvio e redundante de sentido, o que já estava implícito e não precisava ser dito. Ampliei vozes presentes e emudecidas. Assumi o contexto ingenuamente absurdo e fim.  Confesso que o incômodo permanece...

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